Por que estamos consumindo tanto?

Apesar de todos os efeitos nefastos do consumismo e da economia descartável no meio ambiente, colocando em risco nossa própria sobrevivência, por que nós continuamos consumindo tanto? Por que muitas pessoas se endividam e se expõem a riscos ou a enormes cargas de trabalho para adquirir produtos de que não necessitam e que serão prontamente descartados?
A resposta parece estar na essência das Sociedades de Consumo: algo que se pode denominar de “exteriorização da felicidade”.
Nos idos da década de 1950, nos Estados Unidos, o conselheiro econômico do então Presidente David Jacob Eisenhower, Victor LeBeau, identificou no consumo a locomotiva que garantiria o crescimento da economia norte-americana nas próximas décadas e promoveria a distribuição de bem-estar social e a circulação de riquezas entre os cidadãos. Imbuído dessa ideia, Victor LeBeau deu início a algo que se convencionou chamar de “economia descartável”.
Retrocedendo-se um pouco, logo depois da Segunda Guerra Mundial passou-se a estudar uma forma de impulsionar a economia mundial ocidental. O analista de vendas Victor LeBeau, conselheiro econômico do Presidente Eisenhower, dos EUA, articulou a solução que se tornaria a doutrina do novo sistema capitalista norte-americano. Ele explicou:
“A nossa enorme economia produtiva exige que façamos do consumo o nosso ideal, a nossa forma de vida, que tornemos a compra e o uso de bens em rituais, que procuremos a nossa satisfação espiritual, a satisfação do nosso ego no consumo (…) Precisamos que as coisas sejam consumidas, destruídas, substituídas e descartadas a um ritmo cada vez maior (…) O objetivo da economia é produzir cada vez mais bens de consumo”.
Aí está a resposta. Vivemos em uma sociedade cujo modelo econômico é dependente do consumo e que, consequentemente, necessita de seu crescimento para sua manutenção. Um país que queira, hoje, se desenvolver economicamente, inevitavelmente precisa buscar formas de aumentar a produção, a circulação e a demanda por bens de consumo. É exatamente o que o Brasil vem fazendo ao longo das últimas décadas: fomentando o consumo interno. Aumentando a produção e o consumo, a economia se desenvolve.
A grande questão, porém, é que esse elevado nível de descartabilidade vem gerando sérias consequências. Segundo dados estatísticos, somente ao longo das últimas 3 décadas extraímos 33% dos recursos naturais do planeta. Simplesmente sumiram. Significa dizer que apenas nos últimos 30 anos o homem destruiu mais o planeta do que em toda a história da civilização.
Isso sem contar a poluição gerada pelos subprodutos gerados pelas fábricas e dos riscos inerentes aos processos de produção em massa. Devemos lembrar que toda a cadeia de extração, produção, distribuição e consumo de bens é composta por pessoas. Pessoas expostas a poluição gerada pelas fábricas, a defeitos graves decorrentes dos processos industrializados e de produção em massa e a toxinas agregadas aos produtos ao longo do processo de produção. Isso significa que além de recursos naturais, estamos desperdiçando pessoas.
Quantas pessoas morrem todos os anos em razão da poluição? Quantos trabalhadores morrem em função de agentes insalubres ou perigosos aos quais são expostos em seus ambientes de trabalho? E por que alguém aceitaria trabalhar em um ambiente perigoso ou insalubre? Óbvio que por falta de opção. A degredação do meio ambiente vem fazendo com que pessoas cujas gerações anteriores tiraram seu sustento por milhares de anos da natureza sejam obrigadas a migrar para as grandes cidades, onde trabalham em péssimas condições e são obrigadas a morar em cortiços ou favelas.
Nesse sistema o valor das pessoas é medido pelo quanto elas consomem. Pessoas que consomem pouco não são valorizadas. Por essa razão as pessoas se matam de trabalhar, para consumir mais e mais. O que leva a outro mal característico das sociedades de consumo: a tristeza.
As pessoas gastam grande parte de seu dia trabalhando para consumir cada vez mais e para pagar suas dívidas de consumo. O pouco tempo que lhes resta elas gastam fazendo compras ou assistindo televisão, a qual lhe diz para fazerem mais compras, associando ao ato de consumo um sentimento de satisfação e prazer. Assim, resta pouco tempo para aquilo que realmente nos deixa felizes: família e amigos.
Mas por que aceitamos esse sistema de forma tão veemente e irrefletida? Bom, aí entra a força da mídia, da moda, do dinheiro e da política, que vêm moldando nossos hábitos, nossos valores e nossas atitudes ao longo de anos para nos fazer alimentar esse sistema, fazendo girar a roda do consumo.
Alguns questionam o papel do governo nesse sistema. Ele não deveria nos proteger? Por que muitas vezes ele parece menor do que as corporações e sucumbe aos seus interesses, sobrepondo-os aos dos cidadãos que representa? O que leva as corporações a parecerem maiores do que o governo é o fato de que elas são maiores do que o governo. Segundo dados estatísticos, das cem maiores economias da Terra, 51 são Corporações e 49 são Estados.
Mas atenção, não se está dizendo que as pessoas não devam consumir. Muito pelo contrário, nossa economia é calcada, em grande parte, no consumo. O intuito desse artigo é chamar à reflexão para a necessidade de adoção de práticas sustentáveis de consumo. Chamar a reflexão para o consumo consciente, para o consumo sustentável.
Precisamos consumir hoje pensando no amanhã. Práticas como reciclagem são importantes. Aliadas a ela devem vir reflexões quanto aquilo que de fato necessitamos consumir e aquilo que consumimos por pura manipulação e quanto a necessidade de buscarmos empresas preocupadas com práticas sustentáveis de produção, que respeitem seus empregados, seus consumidores e o meio ambiente.
Somente por meio de uma transformação completa de nossos hábitos de consumo, com um maior engajamento do consumidor na hora de escolher o que comprar, quando comprar e de quem comprar, podemos passar de uma sociedade de consumo calcada na “economia descartável” para uma sociedade de consumo calcada na “economia sustentável”.
o consumismo desenfreado é um processo extraído do mundo capitalista que vivemos. Temos que consumir com consciência, e no meu ponto de vista temos que nos questionar em três enfoques:
Quero- todos nos queremos algo hoje em dia, seja um bem necessário ou um bem supérfluo, que nada alterará em nossas vidas. temos que saber o que de fato é importante antes se sair comprando tudo o que vê na frente.
Devo comprar- temos que levar em conta o impacto que o consumismo desnecessário irá provocar.
Posso comprar- o fator financeiro é muito importante, se tiver um planejamento financeiro, podemos até consumir produtos supérfluos, pois o valor de uma prestação mesmo que pequena, somada a outras também de pequenos valores no final , vira uma divida insustentável.
Nós consumidores quando não estamos trabalhando estamos consumindo ou sentados a frente da tv; o acesso a shopping e a frente da tv, faz com que adquirimos cada vez mais, ora pois, lojas e a tv ou ate mesmo na internet sempre nós mostra coisas belas e praticas que trazem confortos para consumidores cansados de tanto trabalhar. Assim, atraves deste consumismo as ações em Juízados especiais de consumo estão crescesndo de maneira exacerbada.